quinta-feira, 31 de julho de 2014

Kiss 6 - Love Gun (1977)

Oi, eu sou o Salinas! Love Gun repete a fórmula do disco anterior, sempre girando no tema mulheres. Até a capa foi feita pelo mesmo Ken Kelly, mas desta vez com menos aventura e mais hormônios. Neste disco finalmente conhecemos a voz do Ace, que também já estava cheio de só tocar guitarra e queria compor, assim como Peter. Com estas duas exceções, e mais a última faixa que é uma regravação, Paul e Gene assinam as outras 7 faixas.

Esse desequilíbrio já começava a incomodar Ace & Peter, que apesar da banda estar na crista da onda, acabavam ficando sempre em segundo plano. Este é o último disco com a formação realmente original.

"I Stole Your Love" (Paul)

Entrada bem pauleira, quase heavy metal. Paul foi só um brinquedo para a gaja, mas virou o jogo e agora faz jus à capa do disco, com ela a seus pés, e dá aquela esculhambada: "You played with my heart, played with my head / I got to laugh when I think of the things you said / 'Cause I stole your love" (você brincou com meu coração, minha cabeça / eu dou risada quando penso no que você disse / porque eu roubei seu amor). Ace também entra com tudo no solo. Um ótimo começo de disco!

"Christine Sixteen" (Gene)

Pra variar um pouco, Gene desta vez está apaixonado também! Não dá pra acreditar, desta vez ele não fala só sobre sexo e sair comendo todo mundo... essa Christine devia ser mesmo sensacional! E olha que é novinha, só tem "dezesseis" anos... só que não, porque a Christine não existe. Foi só uma "resposta" do Gene à música do Paul, "God of Thunder" (já comentada): Paul já tinha perdido essa música para Gene, por ordem do produtor Bob Ezrin, e Gene sapateia em cima dele "provando" que qualquer um consegue escrever essas musiquinhas melosas de apaixonado. Pianinho safado pra dar o clima.

"Got Love for Sale" (Gene)

Uma levada meio "saltitante" e bem bacana. Agora sim o bom e velho Gene de sempre. Marqueteiro, ele apregoa seus ~serviços~ para as moças que estiverem interessadas. Usa até classificados, "Have Love Will Travel" (que numa tradução livre ficaria como nos nossos classificados de jornal, algo como "TENHO AMOR - DISPONÍVEL P/ VIAJAR"). Esta frase apareceu pela primeira vez no seriado Have Gun - Will Travel, sobre um matador de aluguel que viajava pelo país em busca de ~clientes~, e desde então se tornou um snowclone, usada nos mais diversos contextos.

"Shock Me" (Ace)

Ace agora vem todo "elétrico", cheio de metáforas de eletricista na letra. É efeito do que a mina faz com ele, quando coloca esse tal "couro preto". "You even make me glow / Don't cut the power on me (...) My insulation's gone, girl you make me overload / Don't pull the plug on me, no, no" (Você me faz até brilhar / não corte a minha energia (...) Estou sem isolamento, garota, você me dá sobrecarga / não puxe a tomada, não, não). Na verdade Ace buscou inspiração num show em que tomou um choque elétrico.

"Tomorrow and Tonight" (Paul)

Esta levadinha Kissística vai pros jovens suburbanos, que todo dia ouvem "professores, chefes e padres" e ficam excitados "quando a semana acaba". Você está feliz, garota? Tô te esperando, são quinze pras dez, vamos pra cidade, é hoje à noite, é amanhã! Foi uma tentativa de repetir a fórmula de Rock and Roll All Nite (já comentada).

"Love Gun" (Paul)

Outro hino! Entrada simples na bateria levando pra um dos riffs mais conhecidos de toda a obra do Kiss. Os não-fãs do Kiss reconhecem esta música por ter sido usada na trilha deste filme. E parece que Paul andou aprendendo o modus operandi do Gene, com suas analogias fálicas. O ~revólver do amor~ do Paul está preparado e apontado para você, garota... e não tem como escapar, porque é você quem puxa o gatilho! Levada Kissística, com solo matador do Ace entrando num crescendo.

"Hooligan" (Peter, Stan Penridge)

Outra composição do Peter. Pois é, ele sempre pareceu o mais bonzinho e inofensivo dos quatro. E de fato, o emotivo baterista era o único que cantava serenatas pra namorada. Mas pouca gente sabe que ele cresceu no gueto, um cara de gangues. Até a "avó o chamava de hooligan". Criou o personagem do Homem-Gato como homenagem às sete vidas que teve que gastar pra virar alguém.

"Almost Human" (Gene)

É só Gene dar as caras e o som fica mais grave e pesadão. Tem até gongo chinês agora, percussões na levada arrastada. Viradinhas bacanas de baixo. Gene, oscilando entre humano e monstro, está "faminto de amor", o amor "suave e tenro de um sonho vivo". Ele até que tenta ser apenas romântico...

"Plaster Caster" (Gene)

Outra cacetada. Gene agora canta limpo, diferente da criatura "quase humana" da faixa anterior. A história aqui é sobre uma artista, uma escultora (que existe de verdade), cuja obra é composta de... uma coleção de pênis de roqueiros. (btw, o site dela é sensacional, desde as animações Flash estilo web'95 até o texto, recheado de trocadilhos sexuais) Gene é a mais nova aquisição da coleção dela, mas ele tem que voltar várias vezes, pois o trabalho é difícil... o gesso ~nunca~ está suficientemente duro.

"Then She Kissed Me" (Jeff Barry, Ellie Greenwich, Phil Spector)

E pra finalizar, uma balada lindinha, lá dos anos 60 (ou seja, uns 15 anos atrás), originalmente gravada pelas Crystals, e foi regravada por bastante gente, mas bastante gente mesmo, contando a história de um casalzinho, desde o primeiro beijo até o casamento. Nada de guitarras amplificadas, urros inumanos ou baixos marotos. Um solinho bem sussa, uma bateria mais animadinha no final, "e aí ela me beijou".

Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não encontrar nas boas casas do ramo pode quebrar o galho no Youtube:



E é isso!


Nenhum comentário:

Postar um comentário