quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Kiss 8 - Gene Simmons Solo (1978)

Oi, eu sou o Salinas! Em 1978 os ânimos já estavam exaltados dentro do Kiss: Paul e Gene eram os chefões indiscutíveis, assumiam a banda como um negócio, assinavam a maioria das faixas e sempre apareciam mais nos shows, programas de TV, mídia, etc. Ace e Peter, por mais importantes que fossem como guitarrista solo e baterista, não tinham a mesma pegada "comercial" e acabavam ficando sempre em segundo plano, inclusive nos discos, onde tinham pouco espaço para incluir suas canções.

Foi então que Gene Simmons teve a grande ideia de lançar nada menos que QUATRO discos solo, um para cada membro da banda. Nestes discos cada um poderia gravar o quê, como e com quem quisesse. Os quatro discos foram lançados no mesmo dia (18 de setembro), e os fãs se viraram para comprar todos, pois fã nenhum do Kiss se contentaria só com um dos solos. Resultado: Ace e Peter deram vazão à sua criatividade musical (e ainda bem para nós, pois "Ace" é o melhor dos quatro!) e a banda ganhou muito dinheiro!

Aqui Gene deu vazão, de uma vez por todas, ao seu personagem "The Demon". Um monstro indefinível, ameaçador e intimidante, que se alimenta de mulheres, lindas garotas, virgens ou não. Curiosamente, ele não toca baixo nesse disco (mas mantendo a conhecida pegada arrastada, centralizando a pulsação na cozinha), deixando isso a cargo de um dos muitos amigos (músicos e outros) que ele chamou. Uma verdadeira festinha (certamente regada a muita bebida e mulherada), incluindo Joe Perry, Bob Seger, Rick Nielsen, Donna Summer e até a então-peguete Cher. A primeira faixa, "Radioactive", foi o hit do disco.

"Radioactive" (Gene)

Gargalhada sinistra. Strings descendo em dissonâncias e cromatismos, o máximo de tensão, desgraça total. Grunhidos demoníacos, vocais femininos (com uma estranha pegada asiática). E no meio disso tudo surge uma inesperada batida alegre e bacanosa, de volta ao baixo-bateria-guitarra. Óculos escuros, dirigindo pela estrada ao sol. A guitarra faz um efeito "borbulhante", estranho mas daora, ao entrar nos refrões grudentos. Uma declaraçãozinha de amor sacana, estilo Gene Simmons, pela sua mina "radioativa" de tão gostosa. No CD original o corte entre faixas ficou errado, a música foi parar na faixa 2 junto com a música seguinte. Posteriormente o disco foi remasterizado, e esse erro, corrigido.

"Burning Up With Fever" (Gene)

"One, two, three, four!!" meio esganiçando. Acordes esquisitíssimos, tudo torto, num violão sussa. Em seguida a batida lenta e arrastada, assinatura do Gene. Viradas bacanas no baixo rouco. Ele está "queimando de febre, e a febre é você", garota, mas só vai fazer isso "uma vez"... e "não vai ficar na fila"!

"See You Tonite" (Gene)

Outra entradinha tranquila no violão, seguida por uma batida mais lenta, meio country. Gene se apaixonou naquela outra noite, e "hoje à noite" quer ver a mina de qualquer jeito, senão vai "chorar e chorar". Coitado, nem lembra o monstro sedutor. A música fecha bonitinho num power chord.

"Tunnel Of Love" (Gene)

Agora sim o monstro abriu as asas. Entrada só no baixo e bateria, com toda a canastrice e sacanagem que só Gene Simmons é capaz de colocar numa música. Hoje Gene está a fim de fazer uma visita ao "túnel do amor"... e os back vocal femininos deixam muito claro que ele não se refere ao parque de diversões.

"True Confessions" (Gene)

Outra batida Genezística no baixo e bateria. Gene pira nos segredinhos sujos do passado da mina, "confissões verdadeiras"... quem não curte um dirty talk? Uma estranha parada no meio do refrão pra mandar uns vocais quase de igreja, acho que pra dar a ideia do "confessionário", rs...

"Living In Sin" (Gene, Sean Delaney, Howard Marks)

Entrada só na bateria, Gene falando no ouvidinho... quase dá pra sentir o bafo quente no pescoço (pensando bem, esse começo é zoado... kkkk). O lance é que a mina ficava mandando cartas quentes pra ele, e o encontrou no tal "Holiday Inn". Ela liga pro quarto dele... (e quem faz a voz é a própria Cher) Queria confirmar os boatos que Gene Simmons gosta de conhecer suas fãs ~pessoalmente~, mas nem chegou a terminar a pergunta: "às vezes meu amor vai longe demais"... apesar do xaveco do Gene no começo, é a minha faixa favorita do disco, e a que melhor define o nosso baixista comedor-demoníaco.

"Always Near You/Nowhere To Hide" (Gene)

Outra pegada lenta no violão e voz, com um brilho de strings, e bateria. Ele está "sempre perto" da menina, ela não consegue se esconder à noite, é só pensar nele, "tocar nele". No final da música aparecem novamente os backing vocals angelicais.

"Man Of 1,000 Faces" (Gene)

Uma das poucas faixas em que ele não fala de mulheres, e sim da própria auto-determinação em realizar seus sonhos. Pegada mais "patriótica" e orgulhosa, com naipes de metal acompanhando a banda e dando aquela grandiosidade, mas diferente dos backing vocals religiosos de outros momentos. Gene é o "homem de mil rostos", dos mil empregos (professor de inglês, salva-vidas, datilógrafo...), que por muito tempo alimentou seus sonhos, e "conseguiu torná-los reais".

"Mr. Make Believe" (Gene)

Começa lentinha só no violão e voz e depois anima. Gene hoje não está tão monstruoso assim, a canastrice ficou no bolso. Hoje ele só quer que a gaja dê mais uma chance pro "Sr Faz de Conta"... no final entra uma guitarra distorcida a mais, fazendo um balanço bacana.

"See You In Your Dreams" (Gene)

Gene resolveu re-gravar uma faixa do Rock & Roll Over (já comentada), que pelo jeito ele não tinha gostado muito. E que sorte a nossa! Esta versão tem muito mais paudurescência, backing vocals pra tudo que é lado, solo matador do Rick Nielsen (se bem q meio com cara de Ace Frehley)... ficou sensacional!

"When You Wish upon a Star" (Ned Washington, Leigh Harline)

E, pra fechar o disco, harpas, flautinhas, orquestra... um musical da Disney? Gene Simmons, ao menos uma vez na vida, tira a máscara de demônio e aparece apenas como o menino Chaim Witz, que um dia acreditou nos seus sonhos... sim, apesar de tudo, ele também tem coração! :'-) (vocês são mancada... sabem que eu sempre choro com essas coisas... kkkk...) 
Reza a lenda que alguém disse a ele que nunca conseguiria cantar uma "linda canção" de verdade: de fato, a voz rouca não ajuda muito, mas que ficou bonito ficou! Esta linda canção é nada menos que o hino da Walt Disney Company, com quem Gene se identifica enquanto estrangeiro na América e enquanto "self-made man".

Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não encontrar nas boas casas do ramo pode quebrar o galho no Youtube:



E é isso!


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